quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Utopia.


Eu sentia meu estômago se contorcer, e minha boca salivar quente. Me via na frente do espelho, apoiada na pia do banheiro, quando senti todos meus controles ficarem distantes de mim. Meus olhos se recusavam a focalizar, e minhas pernas insistiam em me derrubar. Nenhuma força consciente existia naquele instante.

Acordei deitada com uma agulhada enfiada na minha veia, o gota gota constante era uma tortura para minha cabeça que parecia querer explodir. Pude sentir sua presença, eu sabia que você estava comigo. A sua maneira de beijar meu cabelo trazia de volta o peso dos meus olhos que a qualquer momento voltariam a se fechar, a ponta dos seus dedos que dançavam sobre a palma de minha mão me faziam cócegas no dedão do pé.

-Descance, minha princesa, eu estou aqui !

Ah, a sua doce voz! Como me conter? Eu daria tudo para conseguir te olhar, e ver seus olhos me fitando como se eu fosse o último ser existente. Como eu amo isso. Eu podia sentir sua respiração no meu ouvido, e as batidas dos nossos corações já eram a nossa melodia.

Senti uma brisa no meu rosto, que fez meu cabelo balançar. Tive a sensação do seu toque ficar distante, sendo substituído pelo vento que você não deixava me esfriar, mas que agora, me gelava por inteira. Pisquei algumas vezes, e toda aquela utopia foi transformada na luz do Sol que passava pela janela do meu quarto. E então, eu estava sozinha mais uma vez.


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